Desabafo de uma sobrevivente da era digital

Author: Tatiana Oliveira Lima / Marcadores: , ,


Ando tentando usar menos alguns aparelhos tecnológicos. Não só por causa dos problemas de saúde que podem vir a existir com o excesso de uso, como LER, e outras doenças crônicas incuráveis (perdoem-me o pleonasmo), mas porque sinto falta daquela vidinha analógica que eu tinha quando eu era criança (a partir do momento que começamos a falar assim “quando eu era criança”, é porque já estamos velhos...). Mas na minha época (outra expressão de velho) quando se queria encontrar alguém, batia-se na porta da casa do amigo e falava oi, não simplesmente mandava um recado no Facebook como se faz para um completo estranho, mas passávamos horas e horas conversando, fazendo brigadeiro e formando momentos inesquecíveis na nossa memória. Hoje momento inesquecível com os amigos é bater o recorde do outro no Angry Birds.
Não me levem a mal, nasci na fase do nem, nem digital, nem analógico, e sou intolerante ao extremo. Adoro a tecnologia, acredito que não conseguiria viver sem ela e toda a praticidade que ela traz às nossas vidas. Mas já disse, sou intolerante ao extremo. Assim como não consigo entender quem não se adapta à era tecnológica, é difícil compreender como as pessoas estão perdendo o contato com o mundo palpável. Não defendo aquela corrente de pensamento que diz que os jovens não estão se socializando mais, não brincam, só mexem na internet, só sinto por que eles não sabem o que estão perdendo. Não há nada como ralar o joelho jogando bola, correr na chuva, dançar e cantar loucamente. Se você acha que é legal jogar um pássaro em um porco, é por que nunca fez guerra de mamona com os vizinhos.
Mas esse é meu modo de pensar. Odeio o extremo, já disse. Acho que o mundo está precisando voltar a ter o calor humano, aquele contato olho no olho que traz mais sinceridade no relacionamento. Essa impessoalidade que vem com o mundo digital precisa ser quebrada. Assim como não se conhece quem é seu amigo na rede social, também não interessa quem eram aquelas pessoas que você pegou na balada. Você já parou pra pensar na história de vida que cada pessoa que passa por você carrega? Talvez você nunca descubra, provavelmente não vai estar na internet, no seu tablet ou smartphone.
Ler livros também é importante. Não pelo caráter intelectual, mas eu duvido que alguém me mostre uma piada no 9gag ou um vídeo no youtube que me faça rir mais do que Veríssimo. Também duvido que qualquer foto de animais fofinhos imitando gente na minha timeline me emocionem mais do que Nickolas Sparks.
Mas chega de especular. Tudo isso são só indagações que ando fazendo a mim mesma. Acho que são pontos a se pensar. As relações mudaram muito com o advento da contemporaneidade, mas alguns valores e costumes não precisam acabar. Seja como for, na sua vida real ou virtual (mesmo que a sua vida real seja na internet), não se esqueça de respeitar o outro e aproveitar a vida, que é uma só.

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